quarta-feira, 9 de maio de 2012

LEG LENGTH DISCREPANCY E O CICLISMO

Depois de um longo período sem postar aqui no blog retorno para falar de um assunto que muito me intriga e que gostaria de compartilhar com todos vocês. Falerei hoje sobre a diferença de comprimento dos membros inferior relacionando-o ao Bike Fit.

A Leg Length Discrepancy (Discrepância entre membros), que para facilitar chamarei de LLD, é um problema muito comum. De 40 a 70% da população em geral apresenta LLD segundo estudos de Woerman AL e Binder-MacLeod SA. Sabemos também que a discrepância entre os membros causa a diminuição na potência e força do membro assim como está associada a muitas lesões no ciclismo.

Podemos diferenciar a LLD em dois subtipos: A LLD ESTRUTURAL e a LLD FUNCIONAL. Explicarei a seguir.

A LLD ESTRUTURAL pode ser congênita, tal como deslocamento do quadril ou atrofia de membros, ou adquirida, tal como causadas por infecções, tumores e prótreses em quadril.
Na foto ao lado nota-se que a tíbia (canela) direita é menor que a esquerda, fazendo com que o quadril direito fique mais baixo que o esquerdo.





Já a LLD FUNCIONAL se dá por tensões musculares na região da coluna e também dos membros inferiores assim como hiperpronação ou hipersupinação dos pés, escolioses, hiperestensão dos joelhos, fraquezas musculares como nos quadríceps e bloqueios articulares.
Na foto ao lado nota-se uma escoliose, fazendo com que o quadril fique mais baixo de um lado.





É essa segunda forma de LLD que vou abordar aqui pois em LLD Estruturais o mais interessante é a correção com calços apropriados.

Calços usados nas sapatilhas


Agora, onde encontramos músculos tensionados, articulações bloqueadas, é mesmo necessário a utilização dos calços ou é mais interessante trabalharmos essa tensão, ou esse bloqueio articular?

No Bike Fit, além de toda a anamnese também faço a avaliação do ciclista comparando ambos os lados e buscando  sempre que os mesmos fiquem o mais simétricos possível.
Na avaliação inicial avalio sempre se há essa discrepância entre os membros e se é uma discrepância Estrutural ou Funcional. Em meu Studio, a maioria dos casos, mais de 90% quando encontro discrepancias, são Funcionais advindas dos pés (hiperpronados = plano, ou hipersupinado = cavos) ou dos quadris (rotação posterior = perna mais "longa" ou rotação anterior = perna mais "curta"), sendo que o mau alinhamento pélvico é o mais comum.

 Pé Pronado = Quadril Rodado Anteriormente     Quadril com rotações anterior e posterior


Em meu Studio procuro não apenas adaptar a bicicleta ao atleta mas também corrigir eventuais problemas que o corpo do ciclista me mostra. Uma das técnicas que uso para essas correções é a Osteopatia. Uma técnica de terapia manual que visa desfazer os bloqueios articulares econtrados durante a avaliação como por exemplo: rotações de quadril, músculos tensionados, pés supinados ou pronados, entre outros.
Nos estudos do pesquisador John Dunn foi observado uma melhora de 5% na performance de atletas que foram submetidos a técnicas manuais comparados a atletas que não passaram por essa terapia. 
No ciclismo, os membros inferiores trabalham como pistões fazendo com que a pedalada seja redonda e livre porém quando encontramos um desalinhamento pélvico esse pistão trabalha incorretamente, fazendo com que o ciclo da pedalada não aconteça da forma correta.

Quando trabalhamos com os alinhamentos posturais acabamos também fazendo com que as tensões musculares diminuam. Sem a tensão muscular, as inervações que fazem esses músculos funcionarem corretamente também trabalham em um nível ideal. Em um estudo da Escola de terapia manual da Nova Zelândia foi comprovado que atletas que passaram por esses ajustes melhoraram seu tempo de reação em 14,8% comparados aos atletas que não passaram pelos ajustes.

Na imagem da direita podemos observar que a perna esquerda roda menos que a perna direita, um caso clássico de tensão do músculo piriforme. A tensão desse músculo pode ocasionar a compressão do nervo ciático, como vemos na foto da esquerda. Isso faz com que a inervação para o membro inferior sejá prejudicada.

Corroborando com os dados acima, num artigo escrito por Gary A. Knutson em 2005 na Revista Chiropractic & Osteopathy, ele conclui que desigualdades anatômicas em torno de 20mm causadas por hipertonicidade (aumento do tônusmuscular) da região supra-pélvica podem ter interação com posturas onde uma carga é exercida, como por exemplo quando o indivíduo está em pé. Ele conclui também em seu estudo que qualquer assimetria pélvica causada por esses problemas musculares devem ser eliminados antes de qualquer intervenção para a correção dessa inequalidade entre os membros inferiores.

Possuo em meu Studio vários calços e palmilhas para serem utilizadas em meus clientes, porém é necessário sempre uma avaliação minusciosa se há mesmo a necessidade do uso desses produtos para uma "correção" da discrepância entre pernas. 
Acredito que inicialmente devemos averiguar o porque dessa discrepância e tentar corrigi-la antes de qualquer coisa.

Quando, por exemplo, encontramos uma discrepância entre os membros e essa diferença é causada por um músculo que está demasiadamente tensionado, ao colocarmos um calço, podemos até corrigir a diferença entre as pernas porém, aquele músculo continuará tensionado, fazendo com que a inervação e irrigação sanguínea para uma determinada região continue prejudicada podendo num futuro próximo trazer outros problemas, outras lesões para esse ciclista.

Por hoje é isso. Vou ficando por aqui. Qualquer dúvida quanto ao artigo acima é só escrever para o2studiosaude@gmail.com
E se você gostou do assunto, não custa nada compartilhar com seus colegas.

Venha fazer seu Bike Fit no O2 Bike Fit Studio. É a Ciência a Favor do Ciclismo.

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(19)3808.6495

Um grande abraço a todos,

Rafael Vicentini - O2 Bike Fit Studio




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